quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Viagem ao centro de uma bola de cristal

O meu repúdio pelo Brendan Fraser fez com que esta manhã tivesse visto a trailer do “Viagem ao Centro da Terra” como quem olha para uma bola de cristal e repara em si próprio a tirar macacos do nariz numa sala de cinema.

A comparação do dia

Tentar impressionar uma miúda bem mais experiente no travar do fumo de um charro é quase tão patético como o Woody Allen a soprar ao pescoço da Julia Roberts.

O momento é um memento

Tenho reflectido sobre como um doce acidente, provocado por alguém que de repente sobrepovoa o pensamento, transforma a mais banal rotina numa intriga com a mecânica do “Memento”. Tenho tentado perceber como esse preenchimento brutal pode transformar o raciocínio de médio prazo num utensílio essencial a partir daí completamente sujeito a lacunas e ao perigo de se desmoronar a qualquer momento. Quando me perco, as perguntas são semelhantes às que Leornard Shelby colocava a si próprio: quem começou a disparar primeiro? Em que ponto da perseguição estamos? Por que ordem devo ler estas polaroids?

Vou já amanhar tatuar um nome na minha mão.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Bomba-relógio (ou um tic tac que explode em bocejo)

O odor denuncia o cocó.

Quando, para atrair público, um canal alinha uma grande estreia de cinema (o que não é o mesmo que um grande filme) e uma entrevista exclusiva com o Cristiano Ronaldo, na tardinha e Jornal da Noite, respectivamente, de uma segunda-feira (?!), o telespectador realista percebe muito naturalmente que a produção nacional a estrear no horário nobre dessa noite será muito provavelmente uma bela cagada.

domingo, 24 de agosto de 2008

Ron sleeps with the cheese

A altura da minha cama não é suficiente para que eu durma completamente confortável quando com o corpo esticado. Isso leva-me a optar muitas vezes pela posição diagonal que deixa o meu corpo um pouco torcido. É ridículo, mas tenho dificuldade em aceitar que pareço um pedaço de massa fussili enquanto durmo.

sábado, 23 de agosto de 2008

Uma série de sintomas úteis à leitura dos pontos naturais da ascensão e queda do efeito do álcool em mim

Crescendo – Golpes marciais e provocações disparadas em todos os sentidos; abordagens hostis aos desconhecidos por perto

A 30 minutos do clímax – Diminuição considerável do padrão de qualidade musical obrigatório para que o corpo dance sem ser forçado (nunca dança forçado)

Clímax – Imitação mais ou menos espalhafatosa de celebridades pouco consensuais

Ao longo da vertigem que separa o pico da lama – Confissões impróprias sobre divas da electrónica europeia; avaliação de alternativas para a bebida de eleição que entretanto se evaporou do raio de acção; (diálogos delirantes cujo conteúdo nunca sobra intacto até ao dia seguinte).

Reencontro com a relativa sobriedade – Dissertações minimamente elaboradas e perfeitamente superficiais sobre a obra de realizadores visionários

Aterragem – Aceitação demorada de que é inútil todo o esforço no sentido de escrever uma SMS perceptível que transpareça arrependimento (bebedeira mal gerida) ou a ideia de “nunca me diverti tanto na vida” (bebedeira exemplarmente gerida).

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

The NRA took my summer away

Hoje, por volta das 10, e como acontece todos os anos, juntou-se uma turba de betinhos num Largo da zona em preparação para os jogos de Verão (ou as Olimpíadas da Vaidade para sub-18). O mais irritante é que grande parte dos participantes gritavam uma frase que, depois de consultar um deles, vim a saber que era “We love shotguns”. Embora o significado da frase torne o momento surreal, digno de um filme do Buñuel, o mesmo rapaz disse-me que “Shotguns” era o nome do grupo organizador. Pensei que, muito provavelmente, o Charlton Heston estaria a sorrir algures.

Vi Eix Uane

A rádio pode ser muitas vezes enganadora. Ultimamente vivia convencido de que o single manhoso “Too Late to Apologize” de One Republic era dos Savage Garden (ou merda que o valha) e que a “Take a Bow” da Rihanna era da Beyoncé Knowles. Foi necessária a VH-1 abrir-me os olhos com os videoclips de ambas as músicas, para me salvar dessa ignorância.

domingo, 17 de agosto de 2008

Precalço # 12 numa conversa sobre a actualidade Devendra

Pretenso irmão do Crispim do Dúo Ele e Ela (visivelmente embriagado):
- Olha a Pipi das meias altas!

M.:
- Não tenho meias.

sábado, 16 de agosto de 2008

Muito à frente


Ao que parece, em 1993, a programadora de software Zeppelin achava que este senhor de bigode era merecedor do seu próprio simulador de Manager para ZX Spectrum. Algo me diz hoje que a opção não foi muito inteligente.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Reencarnacão

Tinha apenas uns 11 ou 12 anos quando, pela primeira vez, questionei a reencarnação, com a seriedade possível nessa idade. Um colega de escola tinha falecido há uns dias e eu estava sentado no Jogo da Bola com dois ou três amigos. A praça estava cheia de miúdos e, por coincidência ou não, um cão rafeiro aproximou-se do nosso grupo, que contava com os rapazes que conheciam o tal colega falecido. O Jorge disse qualquer coisa como:”Repara em como o cão veio direitinho a nós. Pode ser ele.”

Dirigia-me hoje até casa para almoço, quando um cão de olhos bem vivos, depois de tentar trepar um canteiro, sentou-se parado a olhar para mim e a ladrar. Não me chateou tanto quanto isso. Meti a chave à porta e o cão, no topo da rua, não descolava o olhar. O meu ímpeto mais infantil fez com que, no limite da paciência, chegasse a mão às calças, ao bom jeito do Michael Jackson no videoclip “Bad”, e dirigisse ao cão um gesto tipo “Olha, morde aqui!”. Entre o abrir e o fechar da porta, incomodou-me depois um pouco pensar na hipótese de ter sido um familiar meu a reparar que pouco mudou desde que nos separámos.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O Beckham da linha azul

Numa das mais felizes viagens de metro que fiz durante os meus tempos académicos, entrei na Praça de Espanha e tencionava sair no Colégio Militar. Acabei por sair na Pontinha.

Tão 1998...

Recuperei hoje um duelo de slogans entre os grandes candidatos ao box-office do Verão de 1998: o péssimo "Godzilla" promovia-se com "Size does matter" e o "Small Soldiers", para contrariar, usava "Size doesn't matter". Eu nunca cheguei a perder tempo com o "Small Soldiers", mas sei que o "Godzilla" é o pior remake desde o "Psycho" do Gus Van Sant. Mesmo assim e após ter repensado as peças de marketing do "Godzilla", devo reconhecer que é de génio inserir a "Deeper Underground", do Jamiroquai, na banda-sonora de um filme com aquele slogan. Sendo acidental ou não, resulta muito bem.

sábado, 9 de agosto de 2008

O mais emo de todos os espectáculos televisivos

A capacidade que a televisão tem de me comover é daquelas coisas tão imprevisíveis e incontroláveis que chega a meter nojo, principalmente pela maneira como me aprisiona sem que eu encontre explicações ou soluções para isso. O historial é muito curto, mas diverso: a cena final do “Kramer contra Kramer” é fatal desde que me lembro, determinado episódio d’ “Os Simpsons”, em que a família fica ameaçada de perder o cão Santa’s Little Helper, também me deixa k.o., desde que tenho um cão, mas a ameaça maior para a secura dos meus olhos é mesmo os Jogos Olímpicos, maldição essa que se intensificou com a edição deste ano em Pequim (talvez pelo contraste entre os sorrisos do público chinês e as expressões de desgraça nos atletas coreanos). Talvez fosse demasiado embaraçoso enumerar detalhadamente tudo o que me tocou nesta manhã de sábado, mas acho que estou mesmo necessitado de uma chapada militar (um “Acorda, meu!” sovado com a parte de fora da mão) quando reparo nas reacções que tenho a coisas tão insignificantes – na generalidade da minha vida - como uma final de halterofilismo feminino ou o duelo entre um judoca coreano e um austríaco para a medalha de ouro.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Bode dentrífico

Ultimamente, ao dar conta do crescendo de bizarria e alucinação geral que sinto nos meus sonhos, tento sempre atribuir a responsabilidade disso a uma pasta de dentes barata que comprei no Lidl e que uso todos os dias antes de me ir deitar.

Mangueira

Acho francamente bonito quando os grandes músicos brasileiros honram os poetas de Mangueira na lírica de alguns temas de samba velhinho. O adorável e autêntico Nélson Cavaquinho fala sempre com especial nostalgia e carinho sobre isso. Ainda assim, algo me intriga: o facto de Randy West e Ron Jeremy terem já declamado Shakespeare durante o seu desempenho profissional não os qualifica também como "poetas de mangueira"?

Acho que o JP Simões ainda vai a tempo de fazer justiça a essa desconsideração.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Talibiscoito

Ultimamente, quando dou por mim diante de uma travessa de biscoitos ou de doces pequenos, vejo-me no lugar do terrorista e as tais guloseimas no lugar dos reféns. Penso como um relógio e, em jeito de ameaça,repito mentalmente a mesma frase: vou acabar com a vida sólida de um biscoito de 5 em 5 minutos até a Polícia da Consciência intervir.

Camisolas diferentes

Quando hoje voltava de Lisboa, via Sintra, parei numa estação de serviço para 15 euros de gasóleo e uma sandes de atum (que até não me caiu muito bem) e foi aí que reparei em quatro rapazes que bebiam por ali, um deles exibindo as tatuagens colocadas a nu por uma camisa de alças, outros dois vestidos com camisa branca ao estilo de empregado de café.

Foi um desses últimos que se aproximou da caixa enquanto eu pagava a minha despesa. O diálogo entre o gajo (convencido de que era o engatatão da noite) e a miúda na caixa procedeu-se mais ou menos assim:
- Ó princesa, quanta calha cada uma (das cervejas)?
- (ela disse uma qualquer quantia alta para uma cerveja)
(pausa)
- Sagres ou Super Bock? (perguntou ela)
- Então?!... A Nossa Selecção!!

Eu não disse, mas pensei para comigo: “Ya, a nossa selecção de gajos estúpidos comó caralho.”