segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Mais considerações sobre as pequenas diferenças

Por esta altura, já me apercebi que é praticamente impossível comprar um livro em inglês (que não seja romance) numa livraria em Paris. O desespero em mim ainda arrisca:
- Ou il est que je peux trouver des livres ecrit en anglais?
- Seulement literature.


Ya, ok. Que grande merda... E depois fico a olhar para coisas que até parecem interessantes como uma biografia do Dr. Dre e o “The Dirt” sobre os Motley Crue.

Não há livros, compra-se mais uns discos: “Life After Death” , duplo do Notorious Big, por 7 euros e o ep de remisturas emo das músicas do último de Cure. Ainda me seduzem algumas edições japonesas do Bruce Springsteen, mas não encontro o “Nebraska” entre dez outros álbuns diferentes.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Third na periferia

Sou geralmente muito mais selectivo na compra de discos em lojas generalistas. Tento descobrir qualquer coisa que valha sequer o gesto. Namoro um pouco as importações japonesas dos Queen e Blur, mas o preço ridiculo resulta em turn-off.

O "Third" de Portishead seduz-me por ser um brilhante disco a 8 euros, quando o encontro, além de que foi lançado ainda este ano. E o leitor do meu carro passa apenas discos originais.

A periferia parisiense é um lugar perfeito para ouvir o "Third", com as auto-estradas com 4 ou 5 vias e alguns edificios iluminados à distância.

Mas o meu primo remata o disco antes que eu possa argumentar a seu favor:
Isto é musica para chuto. Tu drogas-te?

Por oito euros apenas, acho que sim.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Força muito delta

Perto do check-in, uma quantidade impressionante de asiáticos fazem-me sentir desorganizado.

Quando eu tinha deixado a mala no tapete sem quaisquer cadeados, os gajos chegaram ali e assumiram posição de pelotão “pronto blindar a bagagem com cadeados e cintos elásticos amarrados à volta”. Fiquei parvo a olhar para aquilo: todos os excursionistas mexiam-se em sincronia perfeita.

Já dentro do avião sucede-se o inverso e acabo por ser eu a vingar o complexo de desorganização:

Procuro o lugar 18 A, até aí ocupado por um senhor de Honk Kong ou Singapura, e, na obrigação de me ceder o lugar, o homem ainda mereceu a troça dos copanheiros que riram ao jeito de “calhou-te esse gajo como fava!”;

Foi cansativa a viagem, também porque tenho as narinas entupidas, mas dormi numa cama com lençois de padrão Barbie. Parecia o Robert Downey Jr. quando invade casas alheias só para desintoxicar com o conforto do lar.

sábado, 20 de dezembro de 2008

No Porto, sê Super-Dragãoe acidental

No Porto, sê Super-Dragãoe acidental

Hoje adoptei um esquema para que um taxista do Porto não me enganasse com voltinhas a mais e outras manobras. Precisava de ir para o Estádio do Dragão e achei que devia simular o meu melhor sotaque:

- Por favor, é para o Estádio do Dragãoe.
- Ah! Hoje há treino. Vai lá ver?
- Por acaso não. Mas seie que iai jogo na segunda. A equipa está a crescere.
- Pois…

Por acaso o macaco não estava por lá. Porque se tivesse desmanchado o meu disfarce, eu era capaz de ficar sem estes Vans rotos que trago sempre calçados.

Hostilidades luso-americanas (little differences)

Hostilidades luso-americanas (little differences)

O R. saiu à rua para celebrar a eliminação do Benfica na Taça frente ao Leixões. Bebeu um pouco mais e, muito orgulhoso, confessava a sua verticalidade clubística:”Primeiro sou do Sporting, depois do Ericeira, depois dos outros todos e no fundo está o Benfica.” Não podia condená-lo por um repúdio que tantas vezes também é o meu em relação ao Sporting. Justificava-se:”Não posso gostar de quem celebrou a final da UEFA pelo CSKA.”

Inversamente, o Jamie era um “camón” que, por simpatia e sem perceber muito de bola, adoptou o Benfica porque era essa a cor que dominava entre os presentes do jantar em que se viu o desafio da Taça. Conheceu a sua primeira desilusão nessa noite.

Os pólos atraem-se e algumas hostilidades sucedem-se:

(incomodado pela presença de um R. embriagado que não parava de me chatear, o Jamie temeu que eu estivesse prestes a levar uma chapada, não sabendo que o R. é tio de um grande amigo meu. Com alguma provocação no gesto, o Jamie levantou-se da mesa do Lebre e propôs:)
- A toast to Benfica!
Os que o rodeavam acederam, excepto o R. que ficou a olhar com cara de “Olha-me este!”. Não tardou a reagir:
- Este gajo é amigo…
Perguntou-me:
- É estrangeiro?
- Sim – respondi.
O R. arriscou então a via alternativa:
- I love the Chicago Bulls.
- Oh… We support the Lakers.

(tenho a certeza de que aí temi pela minha integridade física nos próximos 4 minutos)

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Natal é crise existencial

Quando dois dos meus maiores amigos hoje, por coincidência, me ofereceram a mesma prenda – o livro “Em Busca do Grande Peixe” do David Lynch -, fiquei a pensar se eu não seria demasiado unidimensional como alguém cujo gosto deve ser agradado no Natal.

O acidente fez-me pensar que podia usar o blog para inverter o método Eric Cartman usado noutro blog tendencioso, que fazia constar as prendas desejadas num post de cariz puramente consumista, e neste Natal começar a mencionar que ofertas me iam chegando às mãos para evitar equívocos como este.

Até agora, dois livros iguais do David Lynch. Ficam avisados os fãs do Panda.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Uma A8 prolongada faz-me pensar em coisas bonitas


O facto da viagem entre a E. e Lisboa ser agora toda feita de auto-estrada ajuda-me a pensar em coisas que não surgiriam caso fossem perturbadas pelas curvas. Tenho reparado que são as ocasiões memoráveis aquilo que geralmente mais pesa na formação de um grupo de amigos. Basta uma noite daquelas para que os que lá estavam sintam necessidade de se reagruparem mais tarde para tentar reviver aquilo, mesmo que o feeling seja depois irrepetível.

(apago as linhas de exemplos que tinha escrito)

Ultimamente, tenho feito um grupo de amigos disperso que consiste nas pessoas que se sentam ao meu lado enquanto guio na A8. Não se conhecem entre si, mas conhecem-se por mim. Admiro-os muito.

domingo, 14 de dezembro de 2008

A pior piada que alguém podia contar às 4:30 da manhã de Domingo

Conforme solicitado por grande parte dos presentes, entendo que me devo penitenciar por uma das piores piadinhas que alguém pode ouvir àquela hora.

D.: Toca Rui Reininho.
M.: Não gosto de Rui Reininho.
Eu.: Pois não, o M. prefere pastilhas Rennie.

Bem... Fui mesmo assim capaz de pronunciar as letras de Feromona correctamente.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Scattergories (recordar um génio da criatividade)

Figuras históricas com “J”:
- Jorge Washington

Línguas estrangeiras com “L”:
- Línguas de gato

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A Esfinge perguntou-me pelo fetiche

Ultimamente reflicto muito sobre o comportamento dos fetichistas em relação a um monte de coisas. É muito complexo explicar as conclusões, mas posso partilhar os pontos de partida.

- Será que a definição cristalina do HD estimula melhorias significantes no orgasmo do fetichista comum?

- (Na fila para os Correios) O facto da Popota ter alinhado num dueto com o Tony Carreira não pode, de certo modo, semear impulsos mais porcos nos chefes de família que fantasiem com a ideia de ser o Tony para deslumbrarem as esposas que o adoram?

- Os guionistas dos Simpsons não abusam muitas vezes da carga libidinosa da Marge? Não é muito normal pensar nela assim…

- Os sapatos e botas que eclipsam por completo o interesse em tudo à volta não estarão sujeitos ao risco de serem taxados ou interditos em salas de espectáculos?

Já estive no céu (e, com sorte, num refrão do Luís Filipe Reis ou assim)

O nevoeiro tem sido tão denso e tão prolongado nos últimos dias de viagem até Lisboa, que chego a pensar que estou numa das duas posições:

- Sou a Jamie Lee Curtis num filme de terror a pilotar um avião.

- Sou o Snoop Dogg ou o 2Pac num daqueles vídeos proféticos, morri e estou num cenário celestial em que só se vê dois palmos de estrada.

Romance Repsol

Ontem, a caixista da Repsol da A8 estava excepcionalmente amigável com um dos funcionários da manutenção de estradas. Estavam perto da porta automática muito amorosos. Durante o tempo que me levou a pegar num sumo de maçã e num pacote de Filipinos, fiquei a imaginar que tipo de conversas podiam dominar aquele romance. Pensei em frases-chave tipo:

- Então, doce, há quanto tempo não te assaltam a caixinha do Multibanco?
- O combustível tem subido ou descido?
- Há nesta estação barra de chocolate mais deliciosa do que tu?

Como uma dona de casa que se refugia na novela, enfardei os Filipinos no espaço de 7 quilómetros.

Resolução para este Natal: arranjar forma de devolver beijinhos de uma pedinte romena

Há uns dias, nas traseiras dos Armazéns do Chiado, umas jovens (aparentemente) romenas pediam assinaturas perto do meu carro pessimamente estacionado mesmo à boca do metro. Uma delas aproximou-se de mim com caneta e papel, e deu 3 beijinhos simpáticos na caneta e na minha direcção. Eu achei o gesto muito querido e ainda peguei no papel naquela de “Deixa lá assinar esta petição que reclama por melhores direitos para os emigrantes e isso”. O topo da folha dizia qualquer coisa sobre melhores acessos e as três colunas na folha estavam reservadas a nome, código postal e quantia a doar (20€ em média). Os segundos de reflexão não chegaram para entender bem como é que a quantia seria cobrada só com o código postal (um homem do fraque romeno talvez), mas achei melhor devolver a caneta beijada e o papel.

A culpa só bateu forte quando a miúda ficou a olhar para mim com cara de quem queria os seus três beijinhos devolvidos.

Desculpa, Saraponova.