domingo, 30 de agosto de 2009

A Tuga

A haver um cânone que define o “ser português” nos últimos 2/3 anos, eu diria que passa obrigatoriamente pelo filme “Aquele Querido Mês de Agosto”, pela série “Um Mundo Catita” e pelos discos de B Fachada e João Coração. Todos deviam ser obrigatórios para entender e obter a cidadania portuguesa. E estar a par do que se passa na bola, claro.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O rabo atraente como símbolo de desorientação no cinema

Existe um princípio de padrão que une três dos rabos mais vistosos alguma vez surgidos no cinema: Brigite Bardot, em “Le Mépris” (1963), Scarlett Johansson, em “Lost In Translation” (2003) e Paz de La Huerta, no último filme de Jarmusch “The Limits of Control” (2008). Todos proporcionam uma noção de desorientação a filmes centrados num personagem masculino que transita numa viagem / missão de descoberta.

O padrão vai além disso: o rabo de Paz de la Huerta, em “The Limits of Control”, tem um impacto semelhante ao de Bardot no filme de Godard, na medida em que surge como um golpe perfeitamente frontal pronto a cortar a respiração. São quase armadilhas de magnetismo que desviam a atenção da sua meta. Durante alguns segundos, somos levados a crer que a inabalável contenção do protagonista zen de “The Limits of Control” pode finalmente estar sob risco quando se depara com a divinal Paz de la Huerta deitada de barriga para baixo sobre a cama e envergando uns óculos de massa que também contribuem para o cenário de tentação (“óculos de massa como símbolo de desorientação” num próximo post).



Em paralelo, quem assiste à cena pode até deixar cair o raciocínio (ou o esforço de tentar entrar no filme como se este fosse um estereograma) quando o bonito rabo passa a ser um estrondo visual no progresso da intriga. É suficientemente difícil manter a atenção durante um exercício que chega a ser tão chato e pretensioso como “The Limits of Control”, mas a inserção estratégica de Paz de la Huerta dificulta ainda mais a tarefa do homem com a missão, tal como a de quem vê.



Envolvido num labirinto de poder e batalha pela soberania de autor sobre uma obra, Paul Javal (interpretado por Michel Piccoli) encontra-se sujeito a uma tarefa que nem o próprio Hércules superaria: ter de conjugar a pressão de ser um argumentista criativamente esmagado pelos poderes cimeiros do cinema com a árdua tarefa de ter lidar com uma esposa de alta manutenção, caprichosa e volátil ao ponto de progredir socialmente completamente alheia ao sofrimento do marido, que, inversamente, mergulha numa situação de impotência. Ao contrário do que canta o rapper Jay-Z em “99 Problems”, Paul Javal “got 99 problems and the bitch is one”. E poucas protagonistas no cinema de Nova Vaga chegarão aos calcanhares de Camille Javal como perfeita bitch, quase próxima de uma das sereias que canta na “Odisseia” de Homero (a obra adaptada em “Le Mépris”). Surgido mais do que uma vez no filme, o incomparável rabo “vintage” de Bardot marca, a partir de certa altura e através da sua presença erótica, o compasso de uma queda em espiral que leva o argumentista (note-se como persegue verticalmente Camile quando se encontram em Capri) até ao ponto de perder a sua mulher para o produtor americano.



O caso de Scarlett Johansson, em “Lost in Translation” será provavelmente o mais célebre e evidente (foi transformado em ícone entretanto). Antes mesmo de evoluir na improvável relação romântica entre Charlotte e Bob, Sofia Coppola decidiu mostrar o monumental rabo da protagonista feminina (exposto com transparência mais do que suficiente) logo no plano inicial. A partir daí, Bob Harris, figura aprisionada num estranho esquema publicitário (entregue ao uísqui Suntory), evade-se da vida de emigrante-objecto para mergulhar num affair que pode bem ter gerado algumas questões acerca do casamento (tremido) e rotina familiar vivida em casa (do outro lado do mundo). Volta a ser um rabo a destabilizar os dias de alguém com notórias dificuldades em adaptar-se a um meio hostil (num país onde a disciplina é um traço cultural). De todas as dificuldades de comunicação vividas por um norte-americano em Tóquio, a que separa Bob Harris daquele rabo será certamente a mais difícil de ultrapassar. Ele, que até fala com o velhinho por gestos, acaba por aceitar que a comunicação com Charlotte terminava ali, naquele segredo.

sábado, 22 de agosto de 2009

Rádio Piratinha



Rádio Piratinha já está no ar.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Mapa minimalista da minha terra

Ideia #2 para um sketch d’ “Os Contemporâneos”

Fazer rábula agressiva de um festival de verão em que os pagantes de bilhete não têm acesso a música de qualquer tipo, mas podem sempre fazer fila para ser entrevistados pela Sic Radical.

Ideia #1 para um sketch d’ “Os Contemporâneos”

Colocar o Bruno Nogueira a fazer aquelas entrevistas em cada um dos lugares em que o Malato diz já ter sido feliz na tentativa de confirmar se isso é mesmo verdade.

Redescobrir o Think Tank dos Blur



Foi preciso comprar o “Think Tank” em CD para perceber que não existe disco como o físico. Fiquei a ganhar em quase tudo (até porque não foi nada caro). Eu amava o álbum, tal como o escutava numa pasta de ficheiros, mas nunca tinha dado conta de que lhe faltava uma faixa (a “On the Way to The Club”, à qual ainda tenho de me afeiçoar). Ou seja, esperava com a edição japonesa ter acesso à tradicional faixa bónus (“Outsider”) e fui presenteado com duas faixas bónus. E gosto de olhar para ele, tocar-lhe e ver a frase “I ain’t got nothing to be scared of” escrita de um lado ao outro do livrete. Sou finalmente aquele mergulhador que coloca as mãos à volta da anca de quem ama.

sábado, 8 de agosto de 2009

O amor é uma tábua de skate



Carta Aberta ao MEO

(os que partilhem desta opinião ficam convidados a enviar um protesto pela mesma causa)

Caros Senhores,



Sou assinante do MEO desde o início deste ano e devo revelar que estou muito satisfeito com todos os aspectos do serviço excepto um: é desigual a variedade de filmes de má qualidade que se oferecem aos diferentes públicos. Passo a explicar: há algumas semanas transmitiam em sinal aberto canais indianos e chineses que contavam com filmes que muito me interessariam ver legendados em português ou inglês. Tive a oportunidade de ver a adaptação indiana (Bollywood) do conto do Tarzan e é frustrante não entender os diálogos que alimentam aquela intriga. Esse impedimento leva-nos a uma questão simples para a qual procuro resposta: devo pertencer a uma minoria imigrante a residir em Portugal para assistir ao cinema que prefiro ver na televisão? Como cliente, não mereço também o direito a ver o cinema mau que é frequente na programação dos canais indianos e chineses?



Ocasionalmente e perante alguma persistência, acabo por expor essa lacuna na minha rotina de telespectador em conversas telefónicas com operadores como a TV Cabo / Zon, na esperança de que possam entender o meu desejo. A opção de um ou mais canais de mau cinema seria sempre crucial na decisão de aderir a um pacote de canais ou a um determinado operador a longo prazo. Neste aspecto, o Sci-Fi Channel e o MGM são claramente insuficientes.



Recomendo, por exemplo, a integração do canal 18 (espanhol, creio, e reconhecível pelo logótipo dos dois losangos vermelhos), que transmitia uma vasta variedade de filmes obscuros e de fraca qualidade durante o dia e cinema de 1º escalão durante a madrugada, sendo que o primeiro conteúdo é certamente prioritário neste meu apelo, até porque a transmissão do segundo em canal aberto não agradaria certamente aos canais pornográficos de assinatura.



Estou certo de que existirão outros canais dentro do género acessíveis a preços generosos. Revelo-me desde já disposto a pagar uma mensalidade extra para aderir aos canais que procuro.



Sem mais, despeço-me atentamente.

sábado, 1 de agosto de 2009

Such a heavenly way to lie

Ministra da Saúde:

- Depois do que lhe aconteceu, pode pedir-nos qualquer coisa.

Paciente:

- Certo. Quero os Smiths reunidos a tocar no meu quarto de hospital.

Ministra:

- Ah! Qualquer coisa menos isso…