sábado, 14 de novembro de 2009

Acerca dos filmes sensação “The Girlfriend Experience” e “O Anti-Cristo”

Eu não vou tropeçar nos “spoilers” para não prejudicar as 3 pessoas que me lêem.

Recebido por uma plateia cheia de gente, o “Experience” gerou logo riso na tradução do título que é qualquer coisa como “Confissões de uma namorada de serviço”. Eu até compreendo a necessidade, mas um título assim irá induzir em erro muitos pornógrafos, além de ser ligeiramente ridículo. Antes disso, alguém na sala disse bem alto “pashasha” dando voz a um trocadilho que vinha com todos no carro. Riso acidental da mais elevada qualidade e tudo isto nos primeiros dois minutos.

Posto isto, eu acho que o Soderbergh podia ter um filme bem mais impenetrável se quisesse entrar pelo seu terreno de “arte e ensaio”. “The Girlfriend Experience” não é puro Soderbergh de câmara digital na mão e tem uma variedade de putanheiros que dá cor (ou tira cor) a um filme essencialmente preenchido por diálogos. 72 ou 77 minutos (ainda não percebi bem) são estupidamente eficazes e suficientes para unir os pontos de uma história objectiva e, noutra frente, abrir as vias para interpretações ligadas ao muito mais subjectivo enquadramento político-económico do filme.

Com 21 anos, a Sasha Grey é o exemplo máximo de como a internet precisa apenas de 1 ou 2 anos para informar um utilizador daquilo que a televisão e as revistas ofereciam em 10 anos. A Sasha é talvez a primeira porn-star precoce e sofisticada precisamente devido à velocidade da luz da internet.

“O Anti-Cristo” fez-me lembrar “O Exorcista” no clima e andamento. O cerne é essencialmente o mesmo. Além disso, é um dos poucos filmes contemporâneos capaz de fazer alguém pensar em ter ambulâncias à porta das salas, como aconteceu com “O Exorcista” naquela altura. Essa electricidade e ansiedade era palpável (o M. disse que já não via tanta pressa para entrar desde “O Regresso de Jedi”). No cinema, havia quem rezasse o “Pai Nosso” antes do filme começar. Perdoai as ofensas do Lars Von Trier e não as nossas.