segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O absurdo e o vazio na rádio

Não é de agora o profundo asco que tenho pela Mega FM, a que tenho de me sujeitar mais ou menos diariamente. A playlist não deve ultrapassar os 70 temas, repetidos até provocar indisposição física, entre um e outro sketch humorístico feito com uma competência que não chega certamente ao critério de quem escolhe a música. O meu repúdio não é pelos êxitos pop ou pela Lady Gaga, mas pela forma como a Mega FM entende que deve tratar os ouvintes, servindo-lhes as mesmas músicas todos os dias. Eu até acredito que a dieta sirva para muitas pessoas (encantadas com a possibilidade de viver todos os dias com a mesma banda-sonora). A mim faz-me sentir no lugar do Alex, no “Laranja Mecânica”, quando é obrigado a ver atrocidades nazis sem fechar os olhos.

O vazio da rádio amplia-se quando ultimamente, em período eleitoral, a Mega FM reserva um tempo de antena aos diversos partidos. A falta de material traduz-se no mais absurdo e vazio período de rádio que já escutei: em sequência, a rádio emite um comunicado que refere que X partido não forneceu material para o seu tempo de antena e toca depois um instrumental com piano completamente genérico e pronto para elevadores que nunca mexem. Fica a ideia de uma estrutura exposta até serem visíveis os alicerces da rádio como instrumento de propaganda. Durante vários minutos, faz-me sentir como se estivesse a viver na antiga União Soviética (exceptuando a diversidade de escolhas). É tão francamente estúpido que acaba por ser interessante. Uma rádio anuncia o vazio, passa a música de piano, repete isso 4 ou 5 vezes, até depois surgir um partido que faz tocar o seu hino de alvorada e de todos unidos vamos dar cabo deles.

Que haja sempre uma Mega FM como contraponto merdoso para entender melhor a óptima qualidade de outras rádios.

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