segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Mais considerações sobre as pequenas diferenças

Por esta altura, já me apercebi que é praticamente impossível comprar um livro em inglês (que não seja romance) numa livraria em Paris. O desespero em mim ainda arrisca:
- Ou il est que je peux trouver des livres ecrit en anglais?
- Seulement literature.


Ya, ok. Que grande merda... E depois fico a olhar para coisas que até parecem interessantes como uma biografia do Dr. Dre e o “The Dirt” sobre os Motley Crue.

Não há livros, compra-se mais uns discos: “Life After Death” , duplo do Notorious Big, por 7 euros e o ep de remisturas emo das músicas do último de Cure. Ainda me seduzem algumas edições japonesas do Bruce Springsteen, mas não encontro o “Nebraska” entre dez outros álbuns diferentes.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Third na periferia

Sou geralmente muito mais selectivo na compra de discos em lojas generalistas. Tento descobrir qualquer coisa que valha sequer o gesto. Namoro um pouco as importações japonesas dos Queen e Blur, mas o preço ridiculo resulta em turn-off.

O "Third" de Portishead seduz-me por ser um brilhante disco a 8 euros, quando o encontro, além de que foi lançado ainda este ano. E o leitor do meu carro passa apenas discos originais.

A periferia parisiense é um lugar perfeito para ouvir o "Third", com as auto-estradas com 4 ou 5 vias e alguns edificios iluminados à distância.

Mas o meu primo remata o disco antes que eu possa argumentar a seu favor:
Isto é musica para chuto. Tu drogas-te?

Por oito euros apenas, acho que sim.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Força muito delta

Perto do check-in, uma quantidade impressionante de asiáticos fazem-me sentir desorganizado.

Quando eu tinha deixado a mala no tapete sem quaisquer cadeados, os gajos chegaram ali e assumiram posição de pelotão “pronto blindar a bagagem com cadeados e cintos elásticos amarrados à volta”. Fiquei parvo a olhar para aquilo: todos os excursionistas mexiam-se em sincronia perfeita.

Já dentro do avião sucede-se o inverso e acabo por ser eu a vingar o complexo de desorganização:

Procuro o lugar 18 A, até aí ocupado por um senhor de Honk Kong ou Singapura, e, na obrigação de me ceder o lugar, o homem ainda mereceu a troça dos copanheiros que riram ao jeito de “calhou-te esse gajo como fava!”;

Foi cansativa a viagem, também porque tenho as narinas entupidas, mas dormi numa cama com lençois de padrão Barbie. Parecia o Robert Downey Jr. quando invade casas alheias só para desintoxicar com o conforto do lar.

sábado, 20 de dezembro de 2008

No Porto, sê Super-Dragãoe acidental

No Porto, sê Super-Dragãoe acidental

Hoje adoptei um esquema para que um taxista do Porto não me enganasse com voltinhas a mais e outras manobras. Precisava de ir para o Estádio do Dragão e achei que devia simular o meu melhor sotaque:

- Por favor, é para o Estádio do Dragãoe.
- Ah! Hoje há treino. Vai lá ver?
- Por acaso não. Mas seie que iai jogo na segunda. A equipa está a crescere.
- Pois…

Por acaso o macaco não estava por lá. Porque se tivesse desmanchado o meu disfarce, eu era capaz de ficar sem estes Vans rotos que trago sempre calçados.

Hostilidades luso-americanas (little differences)

Hostilidades luso-americanas (little differences)

O R. saiu à rua para celebrar a eliminação do Benfica na Taça frente ao Leixões. Bebeu um pouco mais e, muito orgulhoso, confessava a sua verticalidade clubística:”Primeiro sou do Sporting, depois do Ericeira, depois dos outros todos e no fundo está o Benfica.” Não podia condená-lo por um repúdio que tantas vezes também é o meu em relação ao Sporting. Justificava-se:”Não posso gostar de quem celebrou a final da UEFA pelo CSKA.”

Inversamente, o Jamie era um “camón” que, por simpatia e sem perceber muito de bola, adoptou o Benfica porque era essa a cor que dominava entre os presentes do jantar em que se viu o desafio da Taça. Conheceu a sua primeira desilusão nessa noite.

Os pólos atraem-se e algumas hostilidades sucedem-se:

(incomodado pela presença de um R. embriagado que não parava de me chatear, o Jamie temeu que eu estivesse prestes a levar uma chapada, não sabendo que o R. é tio de um grande amigo meu. Com alguma provocação no gesto, o Jamie levantou-se da mesa do Lebre e propôs:)
- A toast to Benfica!
Os que o rodeavam acederam, excepto o R. que ficou a olhar com cara de “Olha-me este!”. Não tardou a reagir:
- Este gajo é amigo…
Perguntou-me:
- É estrangeiro?
- Sim – respondi.
O R. arriscou então a via alternativa:
- I love the Chicago Bulls.
- Oh… We support the Lakers.

(tenho a certeza de que aí temi pela minha integridade física nos próximos 4 minutos)

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Natal é crise existencial

Quando dois dos meus maiores amigos hoje, por coincidência, me ofereceram a mesma prenda – o livro “Em Busca do Grande Peixe” do David Lynch -, fiquei a pensar se eu não seria demasiado unidimensional como alguém cujo gosto deve ser agradado no Natal.

O acidente fez-me pensar que podia usar o blog para inverter o método Eric Cartman usado noutro blog tendencioso, que fazia constar as prendas desejadas num post de cariz puramente consumista, e neste Natal começar a mencionar que ofertas me iam chegando às mãos para evitar equívocos como este.

Até agora, dois livros iguais do David Lynch. Ficam avisados os fãs do Panda.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Uma A8 prolongada faz-me pensar em coisas bonitas


O facto da viagem entre a E. e Lisboa ser agora toda feita de auto-estrada ajuda-me a pensar em coisas que não surgiriam caso fossem perturbadas pelas curvas. Tenho reparado que são as ocasiões memoráveis aquilo que geralmente mais pesa na formação de um grupo de amigos. Basta uma noite daquelas para que os que lá estavam sintam necessidade de se reagruparem mais tarde para tentar reviver aquilo, mesmo que o feeling seja depois irrepetível.

(apago as linhas de exemplos que tinha escrito)

Ultimamente, tenho feito um grupo de amigos disperso que consiste nas pessoas que se sentam ao meu lado enquanto guio na A8. Não se conhecem entre si, mas conhecem-se por mim. Admiro-os muito.

domingo, 14 de dezembro de 2008

A pior piada que alguém podia contar às 4:30 da manhã de Domingo

Conforme solicitado por grande parte dos presentes, entendo que me devo penitenciar por uma das piores piadinhas que alguém pode ouvir àquela hora.

D.: Toca Rui Reininho.
M.: Não gosto de Rui Reininho.
Eu.: Pois não, o M. prefere pastilhas Rennie.

Bem... Fui mesmo assim capaz de pronunciar as letras de Feromona correctamente.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Scattergories (recordar um génio da criatividade)

Figuras históricas com “J”:
- Jorge Washington

Línguas estrangeiras com “L”:
- Línguas de gato

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A Esfinge perguntou-me pelo fetiche

Ultimamente reflicto muito sobre o comportamento dos fetichistas em relação a um monte de coisas. É muito complexo explicar as conclusões, mas posso partilhar os pontos de partida.

- Será que a definição cristalina do HD estimula melhorias significantes no orgasmo do fetichista comum?

- (Na fila para os Correios) O facto da Popota ter alinhado num dueto com o Tony Carreira não pode, de certo modo, semear impulsos mais porcos nos chefes de família que fantasiem com a ideia de ser o Tony para deslumbrarem as esposas que o adoram?

- Os guionistas dos Simpsons não abusam muitas vezes da carga libidinosa da Marge? Não é muito normal pensar nela assim…

- Os sapatos e botas que eclipsam por completo o interesse em tudo à volta não estarão sujeitos ao risco de serem taxados ou interditos em salas de espectáculos?

Já estive no céu (e, com sorte, num refrão do Luís Filipe Reis ou assim)

O nevoeiro tem sido tão denso e tão prolongado nos últimos dias de viagem até Lisboa, que chego a pensar que estou numa das duas posições:

- Sou a Jamie Lee Curtis num filme de terror a pilotar um avião.

- Sou o Snoop Dogg ou o 2Pac num daqueles vídeos proféticos, morri e estou num cenário celestial em que só se vê dois palmos de estrada.

Romance Repsol

Ontem, a caixista da Repsol da A8 estava excepcionalmente amigável com um dos funcionários da manutenção de estradas. Estavam perto da porta automática muito amorosos. Durante o tempo que me levou a pegar num sumo de maçã e num pacote de Filipinos, fiquei a imaginar que tipo de conversas podiam dominar aquele romance. Pensei em frases-chave tipo:

- Então, doce, há quanto tempo não te assaltam a caixinha do Multibanco?
- O combustível tem subido ou descido?
- Há nesta estação barra de chocolate mais deliciosa do que tu?

Como uma dona de casa que se refugia na novela, enfardei os Filipinos no espaço de 7 quilómetros.

Resolução para este Natal: arranjar forma de devolver beijinhos de uma pedinte romena

Há uns dias, nas traseiras dos Armazéns do Chiado, umas jovens (aparentemente) romenas pediam assinaturas perto do meu carro pessimamente estacionado mesmo à boca do metro. Uma delas aproximou-se de mim com caneta e papel, e deu 3 beijinhos simpáticos na caneta e na minha direcção. Eu achei o gesto muito querido e ainda peguei no papel naquela de “Deixa lá assinar esta petição que reclama por melhores direitos para os emigrantes e isso”. O topo da folha dizia qualquer coisa sobre melhores acessos e as três colunas na folha estavam reservadas a nome, código postal e quantia a doar (20€ em média). Os segundos de reflexão não chegaram para entender bem como é que a quantia seria cobrada só com o código postal (um homem do fraque romeno talvez), mas achei melhor devolver a caneta beijada e o papel.

A culpa só bateu forte quando a miúda ficou a olhar para mim com cara de quem queria os seus três beijinhos devolvidos.

Desculpa, Saraponova.

sábado, 29 de novembro de 2008

Definição alternativa de amizade #302

Amizade é também gozar de um jantar com aqueles de que mais se gosta e no dia seguinte ser confrontado com a questão:”Então? Estás também de caganeira?”

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Pets em horário matinal

Vale a pena recordar os brilhantes primeiros versos da “Pets” de Porno for Pyros (obsessão recorrente):

children are innocent
a teenager's fucked up in the head
adults are even more fucked up
and elderlies are like children

Nem que seja para entender um pouco melhor que inconsciência leva uma mãe a ir ao programa da Fátima Lopes falar sobre um filho que desapareceu de casa e que depois voltou, referindo as inseguranças do miúdo e tudo mais (convenientemente acompanhado por piano dramático). Eu sei que todo este carnaval dramático é moeda de troca em talk-shows manhosos, mas o caso toca-me porque o miúdo tinha o meu nome e porque também eu já tive aquela idade, e creio que a última coisa que queria ter era a minha mãe a falar sobre mim na televisão. Momento triste de televisão por todos os motivos excepto os desejados pela produção.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A interpretação vai torta, jamais se endireita

Pelo que vi hoje num episódio de “Vip Manicure”, o Zé Pedro de Xutos, que participava como convidado especial, bem merecia a nomeação a Razzie para Pior Interpretação Casual em Série de Humor Lastimável. Principalmente quando comparado com o papel de Guitarrista Famoso que desempenha exemplarmente em concertos de onda fixe.

sábado, 22 de novembro de 2008

Sou um Benfiquista atípico

Falava hoje com alguém que adora bola tanto como eu, quando cheguei à conclusão de que, para mim, os mais extraordinários e memoráveis clássicos, em que o Benfica venceu os principais rivais Porto e Sporting (por 2-1 (a.p.) e 0-2, respectivamente), foram precisamente aqueles que não vi por motivos maiores.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Ontem um marroquino tentou-me convencer a aceitar um papel secundário num episódio-piloto de calibre HBO

Plantado numa esquina do Bronx, cara de mau e cabeça coberta por um gorro do “Ocean’s Twelve”, à espera que um grupo de marroquinos me entregasse um saco com roupa (provavelmente suja) que deveria depois trazer para território europeu, nas barbas da mais rigorosa alfândega do mundo.

O meu instinto Russell Crowe obrigou-me a recusar de imediato o papel.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Encontros imediatos do envernizado grau

(ou o mais delirante diálogo de ocasião protagonizado à entrada do Lidl por dois ex-colegas universitários com vidas bem mais sérias do que há uns anos)

Eu: Então? Tudo bem? Estás-te a dar bem por cá? Eu da outra vez reconheci-te, mas não tive a oportunidade de meter conversa…

C.: Ya, aqui ´tá-se muito bem. Sou dos Açores e aqui fica também à beira-mar.

Eu: Pá… Ainda me lembro de quando me pintavas as unhas nas aulas de Estudos Camonianos!...

C.: Sim, vou andando que tenho o bebé à espera no carro.

sábado, 15 de novembro de 2008

Ensaio sobre a soneira

Depois de quase tudo já ter sido dito acerca das qualidades e defeitos do “Ensaio sobre a Cegueira”, o Panda Minimalista propõe cinco tópicos inteligentes para serem debatidos após o filme no regresso a casa (em boa companhia):

- O peito da Julianne Moore, filmado numa cena de chuveiro quase “exploitation”, não perdeu algum encanto desde o “Boogie Nights”?

- Que porra de motivos levam o Danny Glover a procurar redimir-se dos policiais maus ao lado do Mel Gibson em filmes de perfeita miséria desumana ampliada em espaços restritos? (desta vez, nem foi obrigado a comer carne de burro, vá lá)

- Alguém, além de todo o batalhão de críticos que espumaram pela boca em Cannes, é capaz de negar que a credibilidade do Fernando Meirelles tem vindo sempre a descer? Será que ele ainda não compreendeu que a overdose estética não encobre uma narrativa claramente débil? Sou só eu que não suporto a expressão sempre dolente dos protagonistas masculinos nos últimos dois filmes dele? (o Mark Ruffalo passa dois terços do filme com cara de quem está aflito para cagar)

- Que música de Joy Division melhor serviria à cena em que as mulheres se encaminham para o “Ward Three” governado pelo García Bernal? (tópico lançado pelo M. in-loco)

- Serei só eu altamente perverso, ou aquele cão dos últimos vinte minutos não contava já com uma carreira estável em filmes de bestialismo e adaptações de Stephen King para cinema? O agente dele não percebeu que era muito arriscado aceitar este papel num filme tão inconsequente e a tempos patético?

terça-feira, 4 de novembro de 2008

A minha previsão para as presidenciais norte-americanas

Caso o Obama ganhe as eleições de hoje, tenho a certeza de que a equipa de casting do Oliver Stone iniciará de imediato uma mórbida selecção mental do melhor actor afro-americano para interpretar o papel do “Black Kennedy” num filme que tem “BA” como título de laboratório (e talvez definitivo). Deposito a mesma certeza na previsão de que a produção do tal filme seria claramente apressada em caso de atentado no futuro.

Ainda assim, a Estrada Nacional nº 247 está com o Obama.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Salmo 21:30

Interrompi com o botão de recusa uma chamada que me chegava ao telemóvel durante um momento espiritual-emo.

Minutos depois enviei a seguinte sms:”Desculpa. Estava a meio de uma oração.”

A pessoa ligou e, depois das primeiras palavras trocadas, perguntou curiosa:

“Que oração?”

Eu respondi casmurro:

“Vinte e uma e trinta.”

(foi tanto o riso de parte a parte que acabei por pedir que ligasse cinco minutos mais tarde)

Estoyo doyo lutoyo

Traduzido em português significa que estou de luto. Isto porque o Manjerico d’ “Os Amigos de Gaspar” suicidou-se momentos após ter visto o Sérgio Godinho a publicitar o novo espectáculo da “Rua Sésamo”.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Out of the ground, into the sky / Out of the sky, into the dirt

Sou obrigado a amar com uma intensidade diferente o familiar que me proporciona um diálogo como este que se segue.

Passados 3 minutos de uma boleia que me levaria até ao stand da Citroen, para ir buscar o meu carro, parámos no Seixal para que o meu tio fosse entregar umas cartas.

À janela, reparei que o céu não era completamente limpo porque pairava por ali uma nuvem excepcionalmente bonita e com uns contornos diferentes. Divaguei e fui estabelecendo semelhanças entre a nuvem e várias coisas: um ciclone de algodão, um óvni (e o cliché disso), uma parabólica. Decidi-me entretanto por um bico de águia apontado ao céu (ainda inspirado pelo golo em Berlim, talvez).

O meu tio voltou ao carro e chamei-lhe a atenção para a nuvem. Ninguém mais no mundo poderia ser tão implacável na razia das minhas merdices até aí armazenadas.
- É uma nuvem do frio. E esta noite vem aí um frio que até fode…

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Errata

Estava errado o post em que eu previa que a menina Vanessa Palma da "Roda da Sorte" muito mais depressa posaria para uma revista masculina do que o Herman se reformaria. Ao que parece, isso já aconteceu em Agosto deste ano, o que só prova como sou geralmente desatento em relação a essas publicações.

Corte clássico

Certas vezes, uma pessoa é obrigada a ficar satisfeita mesmo quando contrariada. Nos últimos dois anos ou isso tenho cortado o cabelo no P. e é frequente pedir para cortar uns 2 ou 3 dedos. Para ficar com uma touca para o Inverno, disse eu desta vez. Ele avisa Eu vou cortando até achares que está bom. Acontece que depois começamos a falar de bola muito entusiasmados e dou por mim com o cabelo muito mais curto do que desejaria. É ainda assim o melhor corte de cabelo de que lembro (excepcionando talvez um corte de cabelo mais distante no tempo, mas igualmente presente na memória pela tradição tailandesa do mesmo).

A formação de barbeiro do P. é essencialmente militar, tanto quanto sei. E onde moro ele é lenda entre o pessoal da minha idade pela maneira como fazia frente aos bófias na mocada e um pouco também por ter sido front-man de bandas de metal que fizeram história nas traseiras do Secundário onde estudei. A verdade é que um gajo distrai-se enquanto fala e eu consinto na boa um corte “à tropa” quando ali vou. É agradável saber que são mínimos os índices de poseur em mim quando prefiro uma boa lição de bola a um penteado tão evidentemente nerd como eu desejava.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O fiasco de uma mosca que tentou fazer uma cover livre de Radiohead na minha mesa de jantar

Matei hoje uma mosca que, na sua útlima cambalhota, aterrou num limão. Olhei para o seu corpo esmagado e pareceu dizer-me:"Tonight I died sucking a lemon".

Um deserto deixa de o ser com um oásis por perto

(este post era e depois deixou de o ser no conteúdo, e passou apenas a ser o seu título)

A subversiva arte de confundir um Gojira com um Patton

Encaro com optimismo o facto dos putos marcharem muitas vezes ao meu lado voluntariamente, quando me vêm passar. Acredito que isso possa triplicar ou quadruplicar o valor da minha reforma no futuro.

Salmãocídio

Ultimamente tenho comido tanto e tão variado salmão que é bem provável que a minha fotografia surja no canto superior direito do noticiário numa próxima vez em que se falar da extinção do salmão.

Sexo tântrico explicado numa fila para a caixa do Lidl

Acho perfeitamente cruel que os preservativos Control distingam as pessoas com uma variedade “Retard”. Qual é o problema?!

Vou fazer por acreditar que foi o Sting que propôs o modelo à Control.

“Objectivo: mais água no poço que secou na terça-feira”

Fico fascinado com os álbuns do Tintin escritos com caracteres de línguas asiáticas. Disse-me um pássaro à janela que o Tintin em mandarim costuma até sair em edição limitada. Isso empolga-me, mesmo que não me passe pela cabeça gastar dinheiro com tal coisa (a Criterion tem um catálogo demasiado interessante). Sou capaz de mudar de ideias se alguém um dia se lembrar de lançar um Tintin escrito em Minderico. Eu desembolsava uns quantos euros por um álbum com o título “A cigarrilha secreta que o Pároco trocou por uns míseros tapetes”. É óbvio que nenhum título da série tem essa extensão, mas os sonhos triviais ainda não são taxados.

Interpretação sumária do apetite sanguinário do Leatherface

Caminhava eu de camisa aberta e com ar de noivo desgraçado, perto de um posto de abastecimento perto do Campo Pequeno, quando se fez luz sobre uma ideia que eu já vinha a alimentar há algum tempo.

Toda a fome de matança que o Leatherface manifesta no “Massacre no Texas” parte do facto de ele não ter um “date” que o acompanhe até a um restaurante ou a uma feira de diversões. A certa altura, ele veste até um fato elegante que, se esquecermos os tecidos que lhe cobrem o rosto, parece até sinal de alguém charmoso e capaz de participar numa noite divertida. A família corrompeu-o e teve ainda por cima o azar de não ter um “date” que, na altura certa, justificasse o facto de ele ter vestido aquele fato. É muito mau isso.

Síndrome da pulga-do-mar

Por que raio de motivo o Flea aparece agora em todos os documentários musicais que vou ver desprevenido disso? E ainda por cima a curtir na praia sem qualquer preocupação na vida além do estado dos seus dentes…

Não é tortura suficiente lembrar-me de que tem uma vida bem melhor que a minha a cada vez que oiço a mesma merda de singles recentes de Red Hot Chilli Peppers na rádio enquanto trabalho?!

Desinfesta-me a loja.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Questão no post-it mental 3453#

Por que motivo compro frascos de azeitonas com pimento se depois não os consigo abrir?

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Foi quase um acidente eu ter publicado este post...

Pelos vistos esta famosa portuguesa foi roubada, ou seja, roubaram-lhe o telemovel onde tinha algumas fotos comprometedoras. Esta jovem portuguesa famosa aparece nas fotos na praia em biquini e tambem mostra os seios, está quase nua.


Mantenho o anonimato da visada e do autor online das palavras em itálico (o Google não), mas, mesmo assim, friso o tom hilariantemente cândido de quem expõe uma celebridade no seu blog, como quem anuncia as casualidades de um acidente no qual não teve qualquer culpa. Muito informativo, muito Albarran. Ou seja, escreve-se um pequeno texto, escolhe-se a melhor ordem para as fotos, mas tudo isso como se movido por uma força divina que obriga à publicação nada ética, contudo inevitável. A culpa é do ladrão e do cabo USB. Ele é apenas agente do que compromete.

(...) está quase nua.

Sim, ela e a tua consciência.

sábado, 11 de outubro de 2008

A Piadinha que se espera do Ron Jeremias

O que diz um grande industrial do porno americano aos Serviços Alfandegários do Aeroporto de Budapeste, ao chegar à cidade para se impor num mercado igualmente concorrido?

- Porn in the USA! I was Porn in the USA.

Tempo para arrancar milho dos dentes

Ontem fui ao cinema com a selecção clássica de amigos para ver o “Destruir depois de ler”, o novo dos Coen que vale a pena nem que seja por um par de gags bombásticos e por ser mais um bom capítulo na enciclopédia que os irmãos vão escrevendo sobre a ciência dos “loosers” (como o M. frisou à saída, não existem “loosers” como estes).

Curiosamente, o momento de maior non-sense no filme é mesmo o intervalo de 7 minutos que a Lusomundo decide instalar num filme que dura pouco menos de hora e meia, com a agravante de, durante o mesmo, ser exibida uma trailer do novo James Bond (que, à partida, me parece tão merdoso como todos os outros), o que quebra toda a continuidade e ambiente dos primeiros 45 minutos do filme que alguém paga para ver. Eu entendo que a crise obrigue a pausa para pipocas e sou sensível a que algumas bexigas possam procurar alívio sem perder parte do filme, mas com que seriedade ou concentração volto eu a um filme de ritmo frenético depois de ver alguém a palitar os dentes frente a um espelho ou a abanar-se um pouco mais diante de um urinol? O intervalo de 7 minutos é tão provinciano que chego a pensar estar na Marinha Grande e não no Colombo. É por essas e por outras que o cinema perde público de cinema íntegro. Nem em casa carrego na pausa de forma gratuita.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Duplo kiss-off bancário (Picardias? Ah! Picardias é na Caixa…)

Os conhecedores do planeamento urbano do lugar onde vivo contam com uma vantagem grande na leitura deste post.

Hoje envolvi-me em dois duelos de esgrima verbal quando fui até à Caixa para desistir de uma conta:

(enquanto usava o Multibanco exterior, Senhora Paranóica lança sobre mim olhar evidente de quem está incomodada com a minha proximidade)

Eu: Pode ficar descansada que eu não estou a olhar.
S.P.: Estou super-descansada! Super-descansada!
Eu: Não devia estar à espera que eu fosse até aos Correios para não ver a quantia de água que está a pagar…
S.P.: Não estou habituada a ter gente por perto. Hmpf!

(depois de mil entraves e de dar largas a uma atitude de semi-altivez, a balconista com pinta de Patti Smith termina o cancelamento, não sei antes tentar pescar o que me teria feito desistir da conta)

Eu:… devo também dizer que escolher o Scolari como figura publicitária da Caixa contribuiu para que eu desistisse da conta.
P.S.: Mas sabe uma coisa? Uma instituição é feito de pessoas e nem todas se qualificam nessa categoria.

(O meu contra-remate poderia elevar a parada, mas consenti a derrota na desconfiança silenciosa de que o Scolari é um burro, logo um animal, e de que a Patti Smith de balcão tinha afinal razão e que até consentia o meu argumento)

Paulo Cardoso prevê o horário nobre da rentrée de 2009 consultando as hit-lists de hoje

Acho imensa piada ao automatismo que leva um qualquer êxito de rádio de hoje a ser potencial título para uma novela de amanhã. As minhas previsões são tão viáveis como as de qualquer outro (e é para isso que servem os comments), mas adiantava-me já na sugestão de “Fazes muito mais que um sol” (para um drama familiar ocorrido em Marte em que o Rogério Samora batalhe pelo equilíbrio de uma família que a cada 15 dias vê partir um dos seus membros à mercê das doenças do planeta vermelho) ou “Nela te pinto nua” (para um registo biográfico centrado num pintor boémio com uma predilecção adúltera pelas vizinhas mais roliças do seu bairro do amor).

Cocó reciclado não deixa de ser cocó

Delirámos com o primeiro contacto com a trailer do “Olho Por Olho”, a nova aposta da TVI protagonizada pelo Paulo Pires (que mal consegue lidar com um só papel, quanto mais com vários disfarces…).

Eu de início achei até que fosse uma paródia, mas depois lembrei-me de que a ficção da TVI se leva demasiado a sério para alguma vez gozar consigo própria (embora nenhum produtor ou técnico seja muito capaz de falar off-the-record do seu emprego sem rir ao jeito de “Sim, fabricamos material descartável.”).

Reparei depois que o “Olho Por Olho” tinha um estilo altamente derivado d’ “O Santo” (que é um clássico enquanto série e uma monumental cagada enquanto filme com o Val Kilmer). A M. acrescentou muito acertadamente que o “Pretender” seria também óbvia inspiração (além de, em tempos, ter sido série-bandeira na estação). Ambos concluímos que o género do “espião dos mil disfarces” era a raiz de tudo aquilo, mas nem a seriedade do “brainstorm” nos impediu de rir à farta e ansiar pela próxima vez em que o teaser voltasse a ser transmitido.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A mais traiçoeira

A pronúncia que se usa na minha terra faz com que algumas frases em português sejam ainda mais traiçoeiras. É por isso que, num jantar de família, eu não arrisco a repetir uma frase ambígua que me saiu por acidente (sobre a crise alimentar na China):

Coitados dos chineses que agora nem podem comer Sneakers...

(eu bem gostava de manter o nível neste blog, mas, na minha terra, Sneakers diz-se "che-ni-cas". Culpem a tradição linguística e não o panda.)

domingo, 28 de setembro de 2008

Salta-me a tampinha

http://www.youtube.com/v/PVby1o6mlw8&hl=en&fs=1

A ambição do meu blog é basicamente igual à revelada pelo Perry Farrell nos últimos 30 segundos desta entrevista. Mesmo assim, não é necessário ligar para o 118 e dizer a minha morada. Eu estou bem.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O sonho tem cheiro?

Durante uma noite que foi especialmente desconfortável para mim, ao ponto de ter dado um jeito ao pescoço, sonhei que estava numa parada de animais e criaturas freak, entre outras coisas que não consigo bem explicar.

Vi cães com duas cabeças, focas com os olhos desenhados a lápis, um troll adormecido que era feito de uma matéria muito parecida com a daqueles bolos de padaria que são feitos à base de restos (as pirâmides e as broas). Além desses, havia anões e criaturas que pareciam sofrer por estar de alguma forma aprisionadas naqueles corpos.

A minha interrogação básica no tal sonho não foi tentar perceber a origem de cada uma das criaturas, mas sim descobrir como conseguiam conviver com os odores uns dos outros quando à noite começassem a largar peidos e isso.

domingo, 21 de setembro de 2008

Brevíssimo historial dos momentos mais embaraçosos na carreira do John Travolta

1 – “Olha quem fala também!” – O John Travolta e a Kirstie Alley tentam educar um dos seus filhos a usar a sanita para cagar adaptando o mais estúpido dos temas de Beastie Boys “Fight for your right to Party” a “Fight for your right to Potty”. “Potty” é sanita para os pequeninos. Algo me diz que o argumentista responsável por esta piada vive hoje em piores condições que eu.

2 – “Campo de Batalha: Terra” – É tão difícil escolher um só momento para a medalha de prata que o pior é mesmo equacionar sequer a hipótese de rever essa total banhada.

3 – “Pulp Fiction” – Bruce Willis (a voz do puto no “Olha Quem Fala também!”) faz finalmente justiça e mata Vincent Vega com uma automática, não sem antes John Travolta exibir a mais patética das expressões faciais que pode alguém suster antes de ser morto.

Os Condóminos (ou a variante #32 de uma piada óbvia)

Agora que o Quique Flores vai viver para o mesmo prédio que o Eng.º José Socrates, assalta-me a vontade de sugerir a seguinte ideia a um dos canais noticiosos:

- Improvisar um estúdio no elevador do dito prédio e colocar em prática um formato que registe os micro-debates sobre o “Sobe e Desce da Crise”. Se a produção for arrojada, pode até mesmo explorar uma perspectiva de humor non-sense ao estilo d’ “Os Contemporâneos”. Cada página do guião pode sempre começar ou acabar com “Tsc… Pá…” ou “Joder…”.

Aquela nossa querida capacidade de associar coisas descabidamente

Entre Vila Verde e a Baleia, eu e a A. concluímos que o “Som de Cristal” de Marante será o “Roxanne” dos Police da música popular portuguesa.

Saldos ‘Em

Ir a uma grande tarde de saldos numa grande loja de discos é um pouco como jogar poker com as cartas sobre a mesa: o jogador ambicioso acagaça-se um pouco ao olhar para as mãos do adversário ao lado.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Piada para contar em jantares sociais num qualquer Restaurante Indiano

Quais são as palavras que o Luís de Matos diz para fazer desaparecer o Taj Mahal?

- Taj Mahal, muda-te!

A minha única e mais falhada das piadas sobre Cientologistas (não sou exactamente o Trey Parker ou o Matt Stone)

O que diz um Tom Cruise mesmo assim cioso após um parto da esposa, na precisa altura em que ela é obrigada a comer a própria placenta:

- Queres ketchupe, Katie?

Adivinha quem encornou? Eh oh, eh oh...

Que nome técnico se dá a um opinador que utilize o registo de crónica para falar sobre o programa sensacionalista "Momento da Verdade"?

- É um cornista.

domingo, 14 de setembro de 2008

Tv Movie

Sim, hoje devo admitir que, mais do que qualquer outro este ano, o meu Domingo foi, tal como Jarvis Cocker canta nos Pulp, a movie made for tv - bad dialogue, bad acting, no interest, too long with no story and no sex.

O dia em que encontrei a Madonna num concerto de Le Tigre

É um clássico que pertence a todo o Blog de conteúdo minimamente confessional. A passagem por cá da Madonna oferece o pretexto certo para um post.

E assim foi. Enquanto aguardava, muito além do limite da paciência, pelas Le Tigre, lá estava ela com uma franja impressionantemente bem desenhada. Olhos de quem já tinha fumado mais do que um par de charutos nesse dia. O desastre em mim decidiu escrever e entregar-lhe um bilhete com uma comparação perfeitamente fora de órbita:(em inglês)"You look just like the perfect cross between early Madonna and Joaquin Phoenix."

Ainda hoje não entendo o impulso. Ainda hoje suspeito que tenha vivido naquele momento a mais absurda interrogação da sua semana.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Palpite Certeiro

Vai demorar muito menos tempo até que a Vanessa da Roda da Sorte seja capa da FHM ou Maxmen do que até o Herman José entender que chegou a hora de terminar a carreira.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Pensamento das 9:42

É nos dias em que o chão mais se parece com manteiga que é maior a minha vontade de ficar em casa entregue à rotina de um Marlon Brando envelhecido.

domingo, 7 de setembro de 2008

Sortidos de Domingo

Conversa entre mãe e filha interceptada junto ao Ponto de Escuta da secção de Hard Rock /Metal da Fnac do Colombo, quando ambas tinham os phones enterrados na cabeça:
- Isto é a memória dos mortos!...
(apontando para um qualquer disco gótico com um grafismo patético) -Olha! Letras escritas em sangue!!

Adiante, a máquina da cancela de saída do Hospital da Luz muda de opinião muito facilmente:
Bilhete mal inserido dá direito a "Ticket Fraudulento!"
Bilhete bem inserido oferece "Boa viagem!"

Mais banal é reparar também que a prenda de eleição de novos ricos e pais "bem" para putos mimados é a guitarra do Guitar Hero.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Falar de Magic, the Gathering com jovens faz-me sentir velho

O Rui é um puto fixe que costuma andar de bicicleta pelo meu velho bairro. É fácil simpatizar com ele por uma série de razões: recorda-me um pouco de como eu era com aquela idade (embora isso seja um pouco narcísico), reparei, com admiração, que era um mandrião perspicaz quando lhe dei algumas explicações de inglês, e, além disso, torcia pelo Sporting há uns 5 anos e agora jura ser do Benfica para sempre. A última característica facilita obviamente toda a tentativa de meter conversa, que também nunca deixa de ser a mesma:"Então, pá? Quando é que aquilo arranca? Isto está muito mal...".

Hoje falámos um pouco à porta da minha antiga casa acerca do Magic, the Gathering, e de como eu tinha sido um cromo daquilo durante uns anos, quando agora provavelmente já nada perceberia das novas regras. Perguntou-me em que colecção eu tinha deixado de jogar e eu respondi "Saga de Urza ou cena assim...". Ele armou uma expressão nos olhos e disse:"Isso foi há bué...". O "bué" do Rui obriga-me a aceitar que era bem mais novo quando era campeão do Magic. Ainda assim, o meu orgulho old-school devolve-me a esperança de que bastaria um "Pergaminho Amaldiçoado" do meu lado para ir matando uma a uma as criaturas dos putos que andam por aí de bicicleta.

Uma pausa separa-me de Hollywood

Por acidente (a sério), uma caixa com algumas barras de Kit Kat veio parar ao meu frigorífico. A minha desculpa para ir comendo um de vez em quando é muito sofisticada e passa pela criação de uma fantasia, em que também eu esteja obrigado a engordar uns quilos para interpretar um papel futuro muito quotado entre os actores da minha geração. Penso para mim: se o Robert de Niro o fez, o que me impede de seguir o exemplo? O golpe é perfeito se me convencer de que, na verdade, estou em preparação para um papel de trintão de barba mal feita num filme de comédia dramática passado num apartamentozinho onde o que se passa de mais interessante são mesmo os carros lá fora.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Viagem ao centro de uma bola de cristal

O meu repúdio pelo Brendan Fraser fez com que esta manhã tivesse visto a trailer do “Viagem ao Centro da Terra” como quem olha para uma bola de cristal e repara em si próprio a tirar macacos do nariz numa sala de cinema.

A comparação do dia

Tentar impressionar uma miúda bem mais experiente no travar do fumo de um charro é quase tão patético como o Woody Allen a soprar ao pescoço da Julia Roberts.

O momento é um memento

Tenho reflectido sobre como um doce acidente, provocado por alguém que de repente sobrepovoa o pensamento, transforma a mais banal rotina numa intriga com a mecânica do “Memento”. Tenho tentado perceber como esse preenchimento brutal pode transformar o raciocínio de médio prazo num utensílio essencial a partir daí completamente sujeito a lacunas e ao perigo de se desmoronar a qualquer momento. Quando me perco, as perguntas são semelhantes às que Leornard Shelby colocava a si próprio: quem começou a disparar primeiro? Em que ponto da perseguição estamos? Por que ordem devo ler estas polaroids?

Vou já amanhar tatuar um nome na minha mão.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Bomba-relógio (ou um tic tac que explode em bocejo)

O odor denuncia o cocó.

Quando, para atrair público, um canal alinha uma grande estreia de cinema (o que não é o mesmo que um grande filme) e uma entrevista exclusiva com o Cristiano Ronaldo, na tardinha e Jornal da Noite, respectivamente, de uma segunda-feira (?!), o telespectador realista percebe muito naturalmente que a produção nacional a estrear no horário nobre dessa noite será muito provavelmente uma bela cagada.

domingo, 24 de agosto de 2008

Ron sleeps with the cheese

A altura da minha cama não é suficiente para que eu durma completamente confortável quando com o corpo esticado. Isso leva-me a optar muitas vezes pela posição diagonal que deixa o meu corpo um pouco torcido. É ridículo, mas tenho dificuldade em aceitar que pareço um pedaço de massa fussili enquanto durmo.

sábado, 23 de agosto de 2008

Uma série de sintomas úteis à leitura dos pontos naturais da ascensão e queda do efeito do álcool em mim

Crescendo – Golpes marciais e provocações disparadas em todos os sentidos; abordagens hostis aos desconhecidos por perto

A 30 minutos do clímax – Diminuição considerável do padrão de qualidade musical obrigatório para que o corpo dance sem ser forçado (nunca dança forçado)

Clímax – Imitação mais ou menos espalhafatosa de celebridades pouco consensuais

Ao longo da vertigem que separa o pico da lama – Confissões impróprias sobre divas da electrónica europeia; avaliação de alternativas para a bebida de eleição que entretanto se evaporou do raio de acção; (diálogos delirantes cujo conteúdo nunca sobra intacto até ao dia seguinte).

Reencontro com a relativa sobriedade – Dissertações minimamente elaboradas e perfeitamente superficiais sobre a obra de realizadores visionários

Aterragem – Aceitação demorada de que é inútil todo o esforço no sentido de escrever uma SMS perceptível que transpareça arrependimento (bebedeira mal gerida) ou a ideia de “nunca me diverti tanto na vida” (bebedeira exemplarmente gerida).

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

The NRA took my summer away

Hoje, por volta das 10, e como acontece todos os anos, juntou-se uma turba de betinhos num Largo da zona em preparação para os jogos de Verão (ou as Olimpíadas da Vaidade para sub-18). O mais irritante é que grande parte dos participantes gritavam uma frase que, depois de consultar um deles, vim a saber que era “We love shotguns”. Embora o significado da frase torne o momento surreal, digno de um filme do Buñuel, o mesmo rapaz disse-me que “Shotguns” era o nome do grupo organizador. Pensei que, muito provavelmente, o Charlton Heston estaria a sorrir algures.

Vi Eix Uane

A rádio pode ser muitas vezes enganadora. Ultimamente vivia convencido de que o single manhoso “Too Late to Apologize” de One Republic era dos Savage Garden (ou merda que o valha) e que a “Take a Bow” da Rihanna era da Beyoncé Knowles. Foi necessária a VH-1 abrir-me os olhos com os videoclips de ambas as músicas, para me salvar dessa ignorância.

domingo, 17 de agosto de 2008

Precalço # 12 numa conversa sobre a actualidade Devendra

Pretenso irmão do Crispim do Dúo Ele e Ela (visivelmente embriagado):
- Olha a Pipi das meias altas!

M.:
- Não tenho meias.

sábado, 16 de agosto de 2008

Muito à frente


Ao que parece, em 1993, a programadora de software Zeppelin achava que este senhor de bigode era merecedor do seu próprio simulador de Manager para ZX Spectrum. Algo me diz hoje que a opção não foi muito inteligente.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Reencarnacão

Tinha apenas uns 11 ou 12 anos quando, pela primeira vez, questionei a reencarnação, com a seriedade possível nessa idade. Um colega de escola tinha falecido há uns dias e eu estava sentado no Jogo da Bola com dois ou três amigos. A praça estava cheia de miúdos e, por coincidência ou não, um cão rafeiro aproximou-se do nosso grupo, que contava com os rapazes que conheciam o tal colega falecido. O Jorge disse qualquer coisa como:”Repara em como o cão veio direitinho a nós. Pode ser ele.”

Dirigia-me hoje até casa para almoço, quando um cão de olhos bem vivos, depois de tentar trepar um canteiro, sentou-se parado a olhar para mim e a ladrar. Não me chateou tanto quanto isso. Meti a chave à porta e o cão, no topo da rua, não descolava o olhar. O meu ímpeto mais infantil fez com que, no limite da paciência, chegasse a mão às calças, ao bom jeito do Michael Jackson no videoclip “Bad”, e dirigisse ao cão um gesto tipo “Olha, morde aqui!”. Entre o abrir e o fechar da porta, incomodou-me depois um pouco pensar na hipótese de ter sido um familiar meu a reparar que pouco mudou desde que nos separámos.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O Beckham da linha azul

Numa das mais felizes viagens de metro que fiz durante os meus tempos académicos, entrei na Praça de Espanha e tencionava sair no Colégio Militar. Acabei por sair na Pontinha.

Tão 1998...

Recuperei hoje um duelo de slogans entre os grandes candidatos ao box-office do Verão de 1998: o péssimo "Godzilla" promovia-se com "Size does matter" e o "Small Soldiers", para contrariar, usava "Size doesn't matter". Eu nunca cheguei a perder tempo com o "Small Soldiers", mas sei que o "Godzilla" é o pior remake desde o "Psycho" do Gus Van Sant. Mesmo assim e após ter repensado as peças de marketing do "Godzilla", devo reconhecer que é de génio inserir a "Deeper Underground", do Jamiroquai, na banda-sonora de um filme com aquele slogan. Sendo acidental ou não, resulta muito bem.

sábado, 9 de agosto de 2008

O mais emo de todos os espectáculos televisivos

A capacidade que a televisão tem de me comover é daquelas coisas tão imprevisíveis e incontroláveis que chega a meter nojo, principalmente pela maneira como me aprisiona sem que eu encontre explicações ou soluções para isso. O historial é muito curto, mas diverso: a cena final do “Kramer contra Kramer” é fatal desde que me lembro, determinado episódio d’ “Os Simpsons”, em que a família fica ameaçada de perder o cão Santa’s Little Helper, também me deixa k.o., desde que tenho um cão, mas a ameaça maior para a secura dos meus olhos é mesmo os Jogos Olímpicos, maldição essa que se intensificou com a edição deste ano em Pequim (talvez pelo contraste entre os sorrisos do público chinês e as expressões de desgraça nos atletas coreanos). Talvez fosse demasiado embaraçoso enumerar detalhadamente tudo o que me tocou nesta manhã de sábado, mas acho que estou mesmo necessitado de uma chapada militar (um “Acorda, meu!” sovado com a parte de fora da mão) quando reparo nas reacções que tenho a coisas tão insignificantes – na generalidade da minha vida - como uma final de halterofilismo feminino ou o duelo entre um judoca coreano e um austríaco para a medalha de ouro.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Bode dentrífico

Ultimamente, ao dar conta do crescendo de bizarria e alucinação geral que sinto nos meus sonhos, tento sempre atribuir a responsabilidade disso a uma pasta de dentes barata que comprei no Lidl e que uso todos os dias antes de me ir deitar.

Mangueira

Acho francamente bonito quando os grandes músicos brasileiros honram os poetas de Mangueira na lírica de alguns temas de samba velhinho. O adorável e autêntico Nélson Cavaquinho fala sempre com especial nostalgia e carinho sobre isso. Ainda assim, algo me intriga: o facto de Randy West e Ron Jeremy terem já declamado Shakespeare durante o seu desempenho profissional não os qualifica também como "poetas de mangueira"?

Acho que o JP Simões ainda vai a tempo de fazer justiça a essa desconsideração.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Talibiscoito

Ultimamente, quando dou por mim diante de uma travessa de biscoitos ou de doces pequenos, vejo-me no lugar do terrorista e as tais guloseimas no lugar dos reféns. Penso como um relógio e, em jeito de ameaça,repito mentalmente a mesma frase: vou acabar com a vida sólida de um biscoito de 5 em 5 minutos até a Polícia da Consciência intervir.

Camisolas diferentes

Quando hoje voltava de Lisboa, via Sintra, parei numa estação de serviço para 15 euros de gasóleo e uma sandes de atum (que até não me caiu muito bem) e foi aí que reparei em quatro rapazes que bebiam por ali, um deles exibindo as tatuagens colocadas a nu por uma camisa de alças, outros dois vestidos com camisa branca ao estilo de empregado de café.

Foi um desses últimos que se aproximou da caixa enquanto eu pagava a minha despesa. O diálogo entre o gajo (convencido de que era o engatatão da noite) e a miúda na caixa procedeu-se mais ou menos assim:
- Ó princesa, quanta calha cada uma (das cervejas)?
- (ela disse uma qualquer quantia alta para uma cerveja)
(pausa)
- Sagres ou Super Bock? (perguntou ela)
- Então?!... A Nossa Selecção!!

Eu não disse, mas pensei para comigo: “Ya, a nossa selecção de gajos estúpidos comó caralho.”

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Hora do chá de limão

Deixar um país inteiro em suspense só para comunicar uma série de formalidades sobre a constituição e diplomas (sem que dois terços do país percebam pevide disso), é um daqueles turn-offs de que nem o Shyamalan era capaz no pior dos seus dias.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Little differences

Se houvesse nos Estados Unidos um equivalente para aquela campanha de sensibilização do Anjo garanhão que come todo o tipo de actrizes que lhe aparecem à frente, eu acho que o papel do Anjo só poderia mesmo pertencer ao R. Kelly. Muito mais convicente que um gajo com um visual tão datado como as minhas calças Mustang.

Não sei dar baile como um miúdo de dez anos

Enquanto jantava hoje, apaixonei-me - platonicamente e durante meia-hora - pela concorrente Ana (creio) que era uma professora simpática que mantinha compostura e pinta de "girl next door", sendo também parecida com uma loura que tinha uma falha entre os dentes e que chegou a apresentar o "Curto Circuito" e que agora entra nesse programa pouco conseguido que é o "Ainda bem que apareceste". Não me recordo do nome.

Enfim, o facto de ter estabelecido laços temporários com a concorrente só tornou mais cruel o momento em que um dos putos respondeu "36" à pergunta sobre "Quantos pares de costelas tem a caixa toráxica?"(afinal era 12). Fiquei com a ideia de que o puto estava a dar um baile do caralho ou que então tinha o nome do pai no livro do Guinness.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Direito de resposta

Quando reparei no à vontade com que a Soraia Chaves colocava a questão "Do que é que precisas?" numa publicidade e sabendo que os Blogs democratizaram o direito à resposta, por mais lasciva que essa seja, fiquei a pensar se aos menus de definições do Blogger não teria sido automaticamente acrescentada a opção para activar "bolinha vermelha" no canto superior direito.

sábado, 19 de julho de 2008

Sábado pode também ser um dia de tédio

Além das hipóteses de trocadilho oferecidos pelo título e um certo entretenimento fácil para tarde de Sábado, que raio de outra utilidade pode ter o "Conair"?

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Vou manter o guião mental na gaveta

A caminho de casa, para almoço, aconteceu encontrar o Sr. M. e, em 45 segundos de tertúlia sobre a bola, chegarmos à ideia de que podia ser brilhante adoptar o modelo d’ “Os Sopranos” para fazer uma série à portuguesa com as grandes intrigas da bola, julgamentos e feudos sangrentos entre clubes rivais. Depois, foram necessários bem menos que 45 segundos para concluir que o grande defeito da série “à portuguesa” seria a previsibilidade automática do seu final.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Redondo dilema

Agora escolha: desemprego (ou, vá lá, carreira medíocre em contabilidade) ou mostrar uns quantos atributos naturais (ou, vá lá, comprados numa clínica de beleza) numa comédia imbecil de horário nobre da Sic? É esse o dilema existencial que me atormenta neste aborrecido serão…

domingo, 13 de julho de 2008

Turbo-minoria

Se é mesmo verdade que 82% dos portugueses preferem creme facial Turbo Booster, chego a duas rápidas conclusões:
- Parte considerável dos meus amigos mantêm hábitos metrosexuais, sem que eu soubesse disso até aqui.
- Faço parte de uma minoria e posso disparar tiros para o ar aqui no bairro quando me apetecer, sem ter de responder por isso.

Obrigado pelos esclarecimentos, L' Oreal.