sábado, 12 de setembro de 2009

Os pontapés-canhão do Macau

Lembro-me bem de como o Macau chegava muitas vezes ao centro do recreio, pegava numa qualquer bola e chutava-a para parte incerta do colégio. Era um gesto de força bruta e um pontapé daqueles é sempre admirável quando se tem 12 anos. Os pontapés do Macau nem sequer rematavam a bola no sentido normal. Ele deixava cair a bola do ar e o pontapé-canhão devolvia a bola ao ar. Fziuuu…Pum!! Um puto, com a dose suficiente de Charlie Brown e banda-desenhada na cabeça, imaginava até que a bola ficava a pairar lá por cima e que descia no dia seguinte. Numa segunda-feira com os pés mais na terra, tentávamos adivinhar em que parte caiu a bola nos momentos seguintes (teria sido junto de Trabalhos Oficinais ou mais para o lado da Primária?).

Reencontrei o Macau muitos anos depois e disse-lhe que ainda era lenda entre nós (culto menor formado por mim e o meu amigo de escola M.). Depois pensei que os pensamentos expostos online são um bocado como as bolas chutadas pelo Macau: alguém chuta-os com força e pode até ser fiquem perdidos numa lua Charlie Brown / Calvin ou que decidam um dia descer à terra, pode até ser que fiquem entalados num telhado ou que aterrem em cima da cabeça de alguém. No fundo, é só mais uma maneira de perspectivar o tal “What goes around comes around” deixando-o aberto à hipótese do foguetão não voltar. Sou capaz de um dia abrir um spin-off do Panda com o nome “As Bolas de Macau”.

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