domingo, 27 de setembro de 2009

Fantasia para “Good Love”, de Bat for Lashes

Não te mexas, ou então oferece-me esses últimos 30 segundos em loop. Modera a graça que trazes até este parking, porque atrapalho-me a contar moedas nestas situações. Denuncia depois a farsa que encurrala as pessoas neste dia soltando os pés descalços sobre um muro curto. E, se caíres com algum aparato, o refrão de “Good Love” há-de amparar-te porque a música das fadas está sempre contigo, ao lado dos cogumelos e outros talismãs.

Passou por nós num sonho.

sábado, 19 de setembro de 2009

Fantasia para “Grounded”, dos Pavement

Eu tenho a certeza de que podia reiniciar a faixa mil vezes e apaixonar-me de novo cada uma dessas mil vezes. Entretanto, vou passeando este carrinho pelos atalhos destes subúrbios como quem nos embala nesta noite de domingo de outra forma sempre difícil de superar. E é bem provável que a guitarra dos primeiros 30 segundos alumie o caminho até tua casa, porque eu não tenho grande sentido de orientação nesta segunda circular que me é estranha. Vou carregar no botão que reinicia a música número cinco deste disco, deixar que o camião acabe a manobra complicada, recuperar o teu perfil a cada semáforo vermelho, observar os teus últimos rituais do dia e depois adormecemos a falar de bandas como os Pavement.

Nunca se sabe quando a ponte cai.

sábado, 12 de setembro de 2009

Os pontapés-canhão do Macau

Lembro-me bem de como o Macau chegava muitas vezes ao centro do recreio, pegava numa qualquer bola e chutava-a para parte incerta do colégio. Era um gesto de força bruta e um pontapé daqueles é sempre admirável quando se tem 12 anos. Os pontapés do Macau nem sequer rematavam a bola no sentido normal. Ele deixava cair a bola do ar e o pontapé-canhão devolvia a bola ao ar. Fziuuu…Pum!! Um puto, com a dose suficiente de Charlie Brown e banda-desenhada na cabeça, imaginava até que a bola ficava a pairar lá por cima e que descia no dia seguinte. Numa segunda-feira com os pés mais na terra, tentávamos adivinhar em que parte caiu a bola nos momentos seguintes (teria sido junto de Trabalhos Oficinais ou mais para o lado da Primária?).

Reencontrei o Macau muitos anos depois e disse-lhe que ainda era lenda entre nós (culto menor formado por mim e o meu amigo de escola M.). Depois pensei que os pensamentos expostos online são um bocado como as bolas chutadas pelo Macau: alguém chuta-os com força e pode até ser fiquem perdidos numa lua Charlie Brown / Calvin ou que decidam um dia descer à terra, pode até ser que fiquem entalados num telhado ou que aterrem em cima da cabeça de alguém. No fundo, é só mais uma maneira de perspectivar o tal “What goes around comes around” deixando-o aberto à hipótese do foguetão não voltar. Sou capaz de um dia abrir um spin-off do Panda com o nome “As Bolas de Macau”.

domingo, 6 de setembro de 2009

Buraco Negro



Lembro-me do livro quando as notícias falam dos jovens adultos como a faixa mais sensível ao “bicho”. Já não sei bem o que é olhar para uma ferida sem recordar o livro. É possível pensar em freaks sem voltar ao livro? Aconselha-se cautela: existe um antes e depois de “Black Hole”. É mesmo tudo o que o nome faz adivinhar.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Frightmare




E, caso o meu comportamento não seja muito normal ou os meus posts não revelem especial coerência, podem culpar a Cascade, casa de software que programou o temível "Frightmare", poderoso mindfuck (feito essencialmente de símbolos bizarros) que abala a cabeça de um miúdo com livre acesso a um ZX Spectrum.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Moonwalker na vanguarda




Cada vez acredito mais que a verdade está nos jogos. O "Moonwalker", lançado para arcade pela Sega em 1990, denuncia, com 10 anos de avanço, uma das suspeitas que mais perseguiu o Jacko. Nesse jogo ele luta gangsters e robots para salvar criancinhas. As crianças surgem intermitentes alternando entre a figura e um balão estridente de "Help!". Pediam ajuda no jogo.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A Disney compra a Marvel por 4 bilhões de dólares (que grande merda)



Agora que a Disney comprou a Marvel, não quero saber da conciliação do Quarteto Fantástico com o Dr. Destino, nem tão pouco me interessa ver o Octopus a tomar chazinho e torradas com o Homem-Aranha. Não me tentem vender um jogo em que o Wolverine arranja as flores de jardim em vez de esmagá-las à porrada com o Sasquatch ou outro macaco qualquer. Acontecimentos irreais só mesmo numa história “What If?”. Mesmo assim, não quero saber. O Tocha Humana deve continuar a ser um herói melancólico, mas poupem-no, por favor, de ser mais um órfão obrigado a ser adulto. O Hulk e o Coisa foram feitos para andar à porrada num ringue e não para guiar o mesmo barco com trajes ridículos. Se eu quiser ver mariquices, alugo “A Dama e o Vagabundo” no MEO ou vejo o “Monstros e Companhia” no dia de Natal. Parte isto tudo, Namor. Manda vir aquela baleia gigante. Não me desiludas nesta altura tão delicada em que todos os heróis foram comprados ou estão mortos.