No que toca a adivinhar os vencedores dos Óscares mais logo, a previsão feita pelo Roger Ebert facilita muito a vida a todos, inclusive os jornalistas. É fácil aparecer no telejornal com uns óculos de massa e repetir os palpites de alguém que tradicionalmente pouco falha nessas apostas. O Panda não facilita e em baixo prevê resultados de cálculo muito mais difícil: os derrotados em cada uma das principais categorias.
Melhor Filme
Eu ainda não vi o “Frost / Nixon”, que, na abordagem ao “crook”, só pode ser mais fraquinho que o “Secret Honor” do Robert Altman, mas parece-me que a Academia ainda vai a tempo de castigar o “Benjamin Button” pela falta de pudor que demonstra na repetição de todos os clichés do “Forrest Gump”, que, ainda assim, era um filme engraçado e um incentivo patriótico para gente anormal. Além disso, o “Benjamin Button” tem demasiadas cenas filmadas de dia, o que só dificulta a tarefa de quem quer tirar macacos do nariz discretamente no cinema. Tenho saudades do velho Fincher.
Palpite: esse filme mau promovido com um bigode a passear pelo Brasil.
Melhor Realizador
O arredado nesta categoria deve ser sempre aquele que acumula um passado mais vergonhoso. E, sim, o Gus Van Sant já filmou umas valentes cagadas, incluindo remakes de filmes infinitamente melhores – “Psycho” – e um remake racial – “Finding Forrester” - de um filme que ele próprio já tinha feito com maior dignidade – “O Bom Rebelde”. Acrescente-se a isso o peso fashion de um Gus Van Sant que persiste em escolher fatos patéticos para noites de gala (o Kodak Theatre não é um circo). Mas aqui o Ron Howard tem mesmo de ser o escolhido: dos 4 filmes e meio que lhe conheço (dormi durante metade do “Apollo 13”), o dos bombeiros consegue ser o melhor. As coisas vão mal quando uma carreira é salva por um filme que tem o William Baldwin num dos principais papéis.
Palpite: aquele gajo que aparece no teledisco dos Weezer.
Melhor Actor
Sem hesitar: Brad Pitt, pelo simples facto de ser nomeado pelo filme errado. Merecia sim o Óscar pelo excelente papel de parolo no “Burn After Reading”. É muito mais difícil passar de sex symbol a bimbo de ginásio, do que velhinho raquítico a rapazinho ansioso por um último bailado.
Palpite: primeira regra deste post é não referir os palpites pelos nomes.
Melhor Actriz
Anne Hathaway, por ter a pinta exacta de estudante de Comunicação Social que nunca me deu a mínima trela na Universidade.
Palpite: a miúda de quem o Ang Lee teve piedade, depois de a ver em tantos filmes terríveis.
Melhor Actor Secundário
Michael Shannon, talvez porque me parece o mais incapaz de competir com a cena em que o Joker do Heath Ledger faz desaparecer o lápis. O Robert Downey Jr. precisa do Óscar como moeda de troca em noites empoeiradas. Depois, eu nunca seria capaz de maldizer o Phillip Seymour Hoffman depois de o escutar a falar ao telefone.
Palpite: o gajo que, com sorte, desenrascará uns papéis secundários em comédias do Adam Sandler e thrillers com a Jennifer Lopez.
Melhor Actriz Secundária
Eu até entendo que o Woody Allen goste de se ver rodeado de mulheres bonitas que o ajudem a passar o tempo de espera entre takes, com conversas apimentadas e um charme que serena os mais neuróticos, mas será que o grande director de actores não percebeu ainda que a Penélope Cruz rende muito mais a publicitar cosméticos do que como latina-furacão? Pá… A mulher é limitadíssima. Diverti-me muito com o “Vicky Cristina Barcelona”, quando até estava a sofrer uma crise de gases das piores, mas tive mesmo de ir à casa de banho do avião depois de 3 minutos a ver a Penélope Cruz.
Palpite: aquele sotaque irritante que habitualmente arruína todos os filmes em que marca presença.
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