quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Um sentido elogio a todas as miúdas que tiveram a sorte de crescer com um irmão ou um primo fixe

Reparo que o meu pensamento muda um pouco conforme os supermercados a que me vou abastecer. O Silvestre, em detrimento do Lidl, revelou-me hoje umas tantas coisas.

Mas só ao chegar a casa percebo que o irmão ou um primo fixe pode ser um elemento equilibrador essencial na vida de uma miúda entre os 6 e os 14 anos de idade, quando ainda está a formar os gostos e a sua forma de estar. Inversamente, um rapaz nessa idade também expande as suas sensibilidades se aceitar uma ou outra vez brincar aos médicos ou casinhas (dois meios para um só fim). É uma chatice conviver entre adultos e um arroto mais solto ser ainda recebido com choque por parte da miúda que nunca soube distinguir uma Megadrive de uma Super Nintendo. Não precisa de ser brilhante no Pang ou derrotar-me no Mortal Kombat, mas saber manobrar o Super Mário ou acelerar a pedalada do Sonic é um turn-on de enorme relevo, ainda que normalmente subestimado.

Rapariga que nos primeiros anos de juventude correu ao lado dos primos no OndaParque usufrui hoje de benefícios que não estão ao alcance de quem ficou em casa a servir chá e café ao Meu Pequeno Pónei. O que seria da Natalie Portman ou da Chloe Sevigny se não tivessem um piscar de olhos que sugere “Onde está o teu velhinho Gameboy?” (no caso da primeira) e “Vou ser capaz de te superar na bebedeira.” (no caso da segunda)? A Miss Jerusalém provavelmente nunca tinha conquistado um papel na “Guerra das Estrelas” e no coração do Devendra. A miúda dos telediscos de Sonic Youth nunca teria sido a Daisy que se sabe. Estou certo de que não lhes faltou um amigo porreiro na altura certa da vida. O mundo ainda hoje beneficia disso.

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