sábado, 16 de maio de 2009

Huevos de oro



A capa convenceu-nos e assim arriscámos um aluguer irreflectido no videoclube do MEO. O elenco até era apelativo: Javier Bardem, Maribel Verdú, Maria de Medeiros e um iniciado Benicio del Toro (anunciado como Benisio del Toro). Rever toda esta gente em 1993 é um pouco mais doloroso do que parece à partida.

As referências que tenho do cinema espanhol extra-Almodóvar também não são as melhores. Nos antípodas de um “Vicky Cristina Barcelona” igualmente deslumbrado com o alcance dramático do “ménage à trois”, “Huevos de Oro” (“Tomates de Ouro” em português) mostra a “ascensão e queda” de um construtor civil com uma obsessão por Salvador Dali e pouca paciência para escutar mulheres faladoras. Sim, e depois? No tempo recorde de 88 minutos, o filme monta e desmonta quatro relações do protagonista (e respectivas encornadelas-satélite), passa por três continentes, mata e atrofia personagens e alterna entre cenas de sexo e circunstâncias sociais como quem ensanduicha queijo e fiambre sem pensar na qualidade do pão. Tudo às três pancadas. Fraca forma de dançar o flamenco da narrativa.

Pior. O filme garante a Javier Bardem a oportunidade de conhecer de perto quatro latinas 5 estrelas (Maria de Medeiros vê o azul do céu num terraço luxuoso) e, no fim, tem a lata de reclamar a piedade do público, que deveria chorar com o construtor impotente, quando este mergulha em decadência, ao dar por si sem dinheiro e sem a fidelidade de uma dançarina explosiva que foi para a cama com o jardineiro. Os espanhóis abusam da boa vontade. Eles são experimentais.

Sem comentários: